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› abril 2006 |
I´m glad you don´t mind sem cem cadarços E então podemos pensar que o que foi dito não passa de mera e absoluta falta de absolutamente.Adorava interferir justinhamente com as palavras. Bricava com o nada das coisas, imitava a sombra dos bichos e corria com pés chineses quando sentia vontade de fazer xixi. Tinha adoração pelos tacos quebrados no chão. Escondia moedas de pequena importância.Fazia os menores barcos de papel. Gostava da impossibilidade das coisas e não contava até cem para viajar dentro dos buracos azuis. Uma coisa a irritava. Abriam a porta sem bater, rompiam com o seu mundo. Era então carimbado novamente aquele controle desmedido dos que não sabiam respeitar os silêncios e daqueles que pediam respostas para quase tudo . Era necessário dizer sempre as mesmas coisas? Era um código já estabelecido e não podia trocar as cordialidades de lugar. Eram velhas como as cadeiras, eram amáveis. Tinha medo de vestir-se e ser notada por um toque final de algum gosto alheio. Trocava as gravuras de lugar para memorizar novos cantos. Sonhava com a cidade vazia e fazia silêncio para que o coração se encarregasse do batimento dos sonhos. 0 comentários valsa gauche Prolongaram o escorar na varanda. Inventaram barbaridades sobre as estrelas. O que ele mais gostava era aquela constante sensação de poder observá-la sem que ela percebesse. Ela deixava que ele se fizesse esperto. Porém, em nanquim se vingava. Desenhava as linhas tortas daquele nariz e dos cabelos saíam notas musicais. Depois se encontravam num bater de copos da pia. Desculpavam-se pelas mesmas iniciativas. Não teimavam com andamentos para que todas as noites fossem todos os dias e para que na forma das ervilhas encontrassem a novidade. A sobremesa ficava à mercê dos gatos que gentilmente lembravam a aspereza da língua em seus dedos. Não havia piano, os discos arranhados e as vozes estavam embriagadas de ternura muda. Os olhos batiam os cílios e dançarinas pesadas cuidavam dos semblantes. Anoiteciam os sentidos e embrulhavam os dias no papel dos pães para que o cheiro de gerânios se encarregasse de apagar as mornas manhãs e tardes. (gôx) 0 comentários nenhuma farfarella Passou a morte do cachorro e a casa ficou suja. Os dias fecharam-se, o cadeado enferrujou e a menina cortou os cabelos com a tesoura da jardinagem. O pai já não prestava atenção nas notícias, a mãe esqueceu de subir a escada. Naturalmente a casa ganhou novo tom. Foi perdendo as paredes e tudo que era banheiro virou um enorme depósito de coisas novas. Certo dia caminharam até o portão. Era tanta estranheza que as pernas corriam o sangue rapidamente. Recuaram um pouco e para o impulso de atravessar de mãos dadas. Tentaram sorrir para normalizar a melancolia dos olhos molhados. Olharam tudo com pressa. Correram a lama. Bateram os pés no tapete da entrada. Entraram pela janela e adormeceram mudos nas páginas do anteontem. 0 comentários frescos dias frios então façamos assim: caminharemos com os pés para não sujar as mãos. e se estiver chovendo? usaremos os ombos para suportar os pingos. e se chover canivete? há tempos não chove canivete. passada a chuva abriremos as sombrinhas e apanharemos as frutas do chão, para manter o absoluto estado das árvores. depois, se começarmos a chorar podemos forjar que temos maus hábitos e que rimos de piolhos nas cabeças das crianças que estão no sinal. para não ficarmos absolutamente convencidos da nossa mentira podemos riscar o trajeto com gravetos. para sabermos voltar? para podermos ir. e se andarmos demasiadamente? fechamos os olhos. e se tropeçarmos? cairemos seguramente no algodão.assim ficamos. caídos. sem mais poréns. 0 comentários para marvin gaye com carinho segunda-feira, junho 26, 2006 I´ve been really trying baby.... Estive tentando todo o tempo. Como num desses ataques nonsense cardíacos parei para respirar e pensar um pouco mais sobre esse antro de nada em que me inseri. Não!!! Não é nada depressive. Afinal, comer bombihas de chocolate apetece crocâncias que só Clitemnestra deve entender. Parece que a moça da padaria espera por mim. Hey, isso não é amável? E em meio a quinhentas pessoas que fazem fila para comprar o trivial pão de sal, ela vem garbosa com seus lábios grandes e sorridentes insinuando o pecado dos deuses numa fôrma de alumínio que já fora aquecida mil duzentas e noventa e cinco vezes. Sim!!!!!! Ela me espera com as palmas aquecidas pelos mais incríveis eclairs da face da terra. Corro sôfrega para casa e antes mesmo de chavear a porta da cozinha abro aquela caixa de plástico e mordo uma bombinha. Explosão transtornante do mais puro creme de chocolate que conheci na minha vida. Não é fancy, é vagabundo. O éden fica na padaria da rua lá embaixo. Tão vagabundo como as breves cortesias de amor. Tão barato como qualquer eclair que já conheci na vida. Fáceis e solícitos, querem ser mordidos e depois dão no pé como se o último avião “classe econômica” para Marte estivesse partindo. Sozinha do tipo calças largas e cotovelos na janela, me encerro olhando a chuvinha trapaceira que apareceu ao anoitecer para driblar o inverno seco de dias ensolarados. Penso comigo:"- Podia chover por mais dez dias e mesmo assim eu ia adorar". Os dias ensolarados combinam com as pessoas que têm cachorros para passear, com mulheres domesticadas e seus bebês, com homens apressados, com ônibus escolares e com velhinhas que removem as folhas secas dos vasos de violeta. Aos poucos sinto uma vontade trepidante de dançar num chão quadriculado. Ser Ginger nos braços de Fred e tomar drinks de vodka com abacaxi. Muitos drinks. Muitos rodopios e muita gritaria. Ontem seria o dia de doar quase tudo. Hoje foi o dia de doar tudo que era. Maieuticamente revelo-me numa auto-suficiência apavorante. Não porque esteja me sentindo inacreditavelmente bem, mas dentro desse desconforto rotineiro descobri uma nova possibilidade de reinvenção. Aceitei-me assim caquinhos de vidro, muitas saudades, muita raiva e imprudência. Muitos cigarros também. Descobri que é incrível tentar recriar umas versões mentirosas para nossas vidas. Descobri que cortinas sem sanefa não servem pra nada, que televisores velhos apóiam copos perfeitamente e que aquele velho par de jeans me dá pernas para andar por qualquer lugar. Sozinha, sempre sozinha. “-Eu também fui sempre sozinho”. Eu sempre dependi da bondade de estranhos.Nunca fui sozinha por opção. Esta máquina tem dispositivo para auto-lavagem, não transborda sabão e rejeita moedas que por um acaso ficaram esquecidas no fundo do bolso da calça. Bilhetes e notinhas de supermercado serão automaticamente desmanchados pela sutileza da soda que deixa a sua roupa macia. 0 comentários |
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Polkadots |