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miau miau...
quarta-feira, novembro 15, 2006

Gonzalo Cárcamo

É linda porque canta como gata no cio.


Dura na Queda
(Chico Buarque)

Perdida
Na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural

Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim

O sol ensolarará e estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir

Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar

O sol ensolarará e estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol,a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas
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But as far as I'm concerned ...It's a lovely day




Alguns motivos para escutar Diana Krall:

O mundo fica confortavelmente nublado.

Vou a Porto Alegre num balão a gás.

Visualizo o velho apartamento.

Abraço meu cão em pensamento.

Penso a vida em media res.

A casa barulhenta faz silêncio de contentamento.

Jogo fora os papéis velhos.

Organizo prateleiras.

Faço contas de cabeça.

Estico a cama com prazer.

Tiro a poeira das cadeiras com sopro.

Brinco com o par de meias nos meus pés.

Faço os movimentos do gato olhando para a BR040.

Rabisco o caderninho de anotações.

Fico pensando em desenhos de acordes.

Cancelo as coisas que não vou fazer.

Penso em parar de fumar.

Procuro alguma coisa para escrever.


Finalmente, na Boulevard dos sonhos fracassados, entre “Irving Berlins” muito bem interpretados... Descasco uma pêra e penso comigo:
Hoje é feriado.... Hoje é feriado...
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os seus olhos abrigam peixes verdes
terça-feira, novembro 14, 2006







Minha querida Malvina


Ah essas mulheres de olhos fundos
Ilhas profundas de filhas imundas
Suas veias são caminhos de alfazema
Suas pernas adormecem na parada do ônibus
Rugas que afagam a inquietação
Estão por aí com seus cachorros e gentis bolsas pequenas
Comem as últimas coisas do mundo
O passado é fina renda
Esquecem os nomes, esquecem os filhos, esquecem os números
Penteiam o cabelo como quem percorre o mesmo caminho
Abotoam uma casa do casaco apenas
O broche é um quadro na parede do seio
Conservam os olhos úmidos porque são jardins inundados
Foram meninas, foram moças, foram mães e esposas
Foram também meninas que gostaram de moças
Vestiram tecidos finos e pintaram o rosto
São borboletas de palha que carregam o tempo nas costas
São guarda-chuvas escorados na parede atrás da porta
São fechaduras emperradas
Limo do chão
Amor em forma de ameixa seca
Agulhas sujas de vitrolas pequenas
O cheiro dos gatos
São daninhas que crescem no mato
Grampo, talco, meia e echarpe
Tremem como os ponteiros
Equilibram nos ombros alheios
Pensam coisas feias e sombrias
Conversam com a morte enquanto o leite ferve
Descansam afundando as mãos na terra
Escondem dinheiro em saquinho proibido
Caminham nas ruas feito pombinhas
Perdem o fôlego na frente do mercado
Não têm telefone mas têm caderneta
No casaco de brim abafam o dia ruim
No morno quarto rezam baixinho
Fazem a cama para a ausência
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pra tudo se acabar na segunda - feira...
segunda-feira, novembro 13, 2006







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ui, ui e ui !!!!
sábado, novembro 11, 2006



Verdade ou não, prefiro acreditar que isso tudo foi real. Apenas um e-mail que recebi da minha "mamã" e adorei:



Vestibular da Universidade de São Paulo cobrou dos candidatos a
>> > interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:
>> >
>> > "Amor é fogo que arde sem se ver,
>> > é ferida que dói e não se sente,
>> > é um contentamento descontente,
>> > dor que desatina sem doer ".
>> >
>> > Uma vestibulanda de 19 anos deu a sua interpretação em forma de
>> > poesia:
>> >
>> > "Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
>> > tomavas uns antipiréticos,
>> > uns quantos analgésicos
>> > e Prozac para a depressão.
>> > Compravas um computador,
>> > consultavas a Internet
>> > e descobririas que essas dores que sentias,
>> > esses calores que te abrasavam,
>> > essas mudanças de humor repentinas,
>> > esses desatinos sem nexo,
>> > não eram feridas de amor,
>> > mas somente falta de sexo!"
>> >
>> > Ganhou nota dez. Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500
anos,
>> > alguém desconfiou que o problema de Camões era falta de mulher...
>> >
>> >
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Like the scent of some forgotten melody




Hoje é dia de ver gotas de chuva escorrendo pelo vidro da janela. É dia de confirmar descanso na xícara de café com leite. Ouvir Tony Benett e K.D. Lang para ficar com uma dorzinha sombria no coração. É dia de pintar as unhas e pedir delicadeza no dedão inflamado. É dia de pisar devagar pelas ruas meio molhadas. É dia de cantar músicas sem saber a letra. É dia de banho quente e sabonete escuro.

Inevitavelmente, fico a pensar no natal que chega em breve. Aprendi a sentir com a urgência dos lojistas. Há duas ou três semanas carregava algo tranqüilo dentro de mim e minhas retinas não precisavam localizar tons prateados, dourados, brancos, verdes e vermelhos.
Eis que um dia, na Rua São Paulo, trânsito de duas e meia da tarde (como diria Adélia Prado - "Horário em que o mundo pára".) me pego numa lembrança antiga de uma loja de tecidos italianos. Lembro-me do meu pai e de minha mãe que certa vez consumiram uma paixão tola. Reformaram os sofás da casa velha com tecidos italianos em tom cru e salmão. Não me importa tanto como ficou o sofá, mas sim a beleza memorável daquela loja, da dona da loja, dos funcionários da loja e, sobretudo da luz da loja. É luz de cozy moment. É luz para a eternidade que eu desejo. Talvez sejam singelas lâmpadas, mas fazem toda a diferença.
Enfim, Rua São Paulo e o trânsito continua parado. Mudo o foco, deixo a loja de tecidos e tudo que ficou por lá. A lojinha ao lado ostenta anjos enormes. Anjos horrorosos. Anjos de cara estranha e uma purpurina mal laqueada sobre suas asas de anjo barato. Sinto por fim aquilo que começo a sentir mais ou menos nessa época. E o que seria? Acho que fico com o coração num modo musical de Woody Allen. Meu olfato só sente o cheiro de frutas desidratadas e fico a pensar quanto mais vamos viver, quanto mais vou fumar, quantos cachorros terei, que tenho que me desfazer de muita papelada, que tenho pares de sapato em exagero no meu armário, que não vou mais usar tantos agasalhos, que meus discos estão estragando porque não sei guardá-los e que finalmente não estou num sonho redondinho e Bing Crosby não vai cantar White Christmas ao pé do ouvido na minha noite quente e tropical de um tropical natal brasileiro. Isso tudo é muito bom na verdade. Parece mais real.
Mesmo assim, fico pensando que não tenho mais disposição. No dia 24 de dezembro tranco-me no quarto e finjo um tremendo mal humor para não ter que escutar os berros da minha mãe e da batedeira. A primeira sempre grita porque alguém esqueceu de comprar os fios de ovos e a segunda por alguma função entre a manteiga, a gema e o açúcar refinado.
Quando estava longe de tudo isso morria de saudades. Fechava os olhos para retomar a cena da minha casa caótica. Dava qualquer coisa para ter que comprar fios de ovos para alguém.
Lembro do dia que finalmente compramos gravuras emolduradas. Sempre tivemos problema com molduras. Era natal e comemos sanduíche em pé perto do parque.

Hoje é dia de ver gotas de chuva escorrendo pelo vidro da janela. É dia de confirmar descanso na xícara de café com leite. Ouvir Tony Benett e K.D. Lang para ficar com uma dorzinha sombria no coração. É dia de pintar as unhas e pedir delicadeza no dedão inflamado. É dia de pisar devagar pelas ruas meio molhadas. É dia de cantar músicas sem saber a letra. É dia de banho quente e sabonete escuro.
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Promessas para a eternidade
domingo, novembro 05, 2006

Comprar um relógio de pulso pequeno com pulseira de couro gasta (o tempo passou a ter uma tremenda importância)
Pintar a parede vazia do quarto de verde
Carregar o meu irmão nas sessões de cinema
Escrever um livro
Viajar para a Grécia só para boiar no Mediterrâneo
Procurar Tom Ripley em Veneza
A discografia completa do Chet Baker
Rever alguns amigos
Fazer massa de pão com Celina minha amiga na casinha do imaginário de Milho Verde
Devolver os discos do Bruno com embrulho de natal
Rever Porto Alegre
Ter um bebê
Pisar na areia quente de Cumuruxatiba
Colocar as reproduções em moldura de vidro translúcido
Aprender a falar alemão e italiano
Fazer omelete decente para a minha mãe
Mestrado
Abestado
Doutorado
Pular numa bacia de pluma
Pisar em uvas lá em Caxias
Rir com o Fábio
Pintar uma tela com o Rafa e o Ju segurando seus gatos
Falar coisas de mulherzinha com a Beta
Fotografar o perfil da Nina nininha Ana
Descobrir como plantar manjericão na janela
Trocar a lâmpada da luminária
Aprender a gostar da umidade
Tatuar “As Virgens “ do Klimt nas minhas costas
Fugir com o tatuador para Ibiza (sim, porque se um dia algum tatuador conseguir reproduzir Klimt nas minhas costas eu passo, lavo e cozinho)
Dançar Yves Montand na chuva
Comprar um cachorro bobão
Conversar com peixes dourados
Fumar muito menos
Descobrir novos acordes de bossa nova
Lamber as crias da minha irmã
Mergulhar com meu irmão
Cuidar dos cactos do Rincão
Despedir de quem não despedi
Encontrar sentido
Parar de roer as unhas
Fazer aulas no tecido
Comprar a trilha da Dolce Vita
Fazer um mil folhas de baunilha tão bom quanto aquele de ontem
Sonhar passarinhos...
And I seem to find the happiness I seek...
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Polkadots