<%@LANGUAGE="VBSCRIPT" CODEPAGE="1252"%> Memo Grocery Store


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onde irá, onde irá ...
segunda-feira, julho 31, 2006

Ainda existe algo naive na menina. Ainda tem madrugada em que ela não dorme. Ainda tem o cheiro da garrafa térmica da merendeira da infância. Ainda tem o gosto por cadernos encapados com plástico quadriculado. Ainda tem a imagem do pai que fazia curativo não só nos joelhos mas nos livros que soltavam a cola. Ainda tem o cheiro dos legumes fervendo antecipando o banho da noite. Ainda guarda a música da amiga que morava na Inglaterra e mandava k7s para que sempre escutassem as mesmas coisas. Ainda tem os assuntos de uma vida para discutir. Ainda encontra semelhança no céu dos outros dias. Divide o mundo em algumas datas. Cheira saquinhos velhos de sachê nas gavetas. Conta mentiras apavoradas para não errar. Corre cinco minutos para se aproximar da eternidade. Balança os pés quando o banco é alto. Ainda muitas coisas. Ela pensará entre um fundo fechar de olhos e uma "acordadela" de susto na madrugada. Amanhã a menina volta para a escola. Amanhã ela continua a menina. A merendeira, o meio cheiro do sabonete e o chavear de portas de mais alguma coisa que deve se completar.
Amanhã não mais sente enjôo de ansiedade. Não mais ensaia um melodrama no portão da escola. Não mais fantasia a ausência dos espaços da casa. Não mais cai de sono com uniforme. Não mais adormece suja por roubar bandeiras. Não mais sente a agonia da lista. Não mais sente a dor da separação da melhor amiga. Não empresta a boneca também. A mola reside na gaveta. Ficou grande há muito tempo. Ficou pequena lá dentro. Esqueceu de esticar os órgãos. Faz mais força para enxergar e sempre desconsidera que o tempo talhou a casca. Come bolachas antes do almoço e vez ou outra escova os dentes para dormir.
by the way: The Golden Tarot of Klimt
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Johans & Mariannes
quarta-feira, julho 26, 2006

A tiny apocalypse moves my mind.... From left to right... E assim vai seguindo um movimento lento. Inesperado. Fico pensando no Johan e Marianne de “Cenas de Um Casamento” de Ingmar Bergman. Ambos com sua intelectualidade coberta por um manto luterano levam uma vida absolutamente civilizada, sem rodeios psicológicos, sem traumas a arrastar, sobretudo assistindo à vida dos amigos como algo peculiar e intocável. Entretanto, a cena da desumanização alheia é erótica. Convida os olhos a uma dança perversa da observação imersa em julgamentos silenciosos.
Percebe-se então que a humanidade arrasta-se para o que se chama de analfabetismo emocional. Algo intangível, algo que não pode ser encontrado na prateleira de uma livraria. Algo que jamais multiplicará os bolsos do mercado editorial, que cheio de pompa e papéis couché vende a perspectiva da vida e do comportamento para as pessoas.
She might dance all night in a topless bar. Certamente não é essa imagem que aparece em minha mente quando penso no iletramento emocional. Somos destino de títeres que nos fazem comportar adequadamente. Somos escolhidos para pensar coisas explicáveis, somos escolhidos para casar, ter filhos, cultivar uma vida compulsiva e obrigatoriamente fantástica ao lado do outro e assumir responsabilidades sobretudo tributárias de uma vida a dois. Temos que eleger músicas, livros, gravuras, o cabelo, o gesto, a forma de fazer, o modo como olhamos e o batom nunca deve sair da linha da boca. Assim como o zíper aberto entre pernas distraídas.
Não há fascínio na solidão. A solidão não sorri. A solidão não tem ninguém para caminhar na rua. A solidão não se disfarça na multidão. Seu silêncio é um alto falante too drunk to fuck. Berrando nos seus ouvidos a obscenidade dessa opção que não encontra abrigo.Não há na solidão alguém que te espera com um sanduíche debaixo das mangas ou com um filme iniciando no canal.
Há na solidão um silêncio delicado. O leve vai e vem de móbilis de origami que ventam a janela. Há um cheiro único que te guia mesmo com os olhos fechados. Há a descontração do riso no espelho. Assim como existe não pode existir. É melhor mastigar as folhas antagônicas do jogo de não parecer. Sabemos que o peixe está estragado, porém mastigamos com lágrimas de nojo nos olhos.
Desastrosamente caminhamos na mesma direção. Não entramos em desacordo. Caminhamos passos de soldadinhos de chumbo. Diariamente recolhemos no closet a persona que mais nos convém. Ela se esconde nas calças, no casaco, na bolsa grande e vez ou outra se alivia numa estampa mais florida ou de cor berrante.
Reservamos aos padrões a maior parte da existência. Somos então aspirantes a artigo da Marie Claire? "Chique é ser inteligente...” Gostaria de saber se isso vende muito. Se quisesse acreditar, até que provassem o contrário, inteligência seria então um vidro caro de uma geléia importada qualquer. Poucos têm à mesa. Por não terem sempre se esbaldam com narinas e dedos do pé ao comprar um pote. É pouca, macia, ainda com a crocância das pequenas sementes (ou fruto? Certa vez descobri que aquelas coisinhas pequeninas no morango são o fruto e não a carne vermelha que sustenta essas pequenas coisinhas.) e passa. Vira vidro boiando na pia.
Nos escondemos em páginas, nos filmes, no discurso, nas opções, nas cores e na forma como caminhamos. Sob o pretexto de não cometer “pieguice” transferimos os sonhos para a gaveta das meias. Ficam no escuro do armário, maior parte das vezes rejeitadas. Sujas, acumulam bolinhas, ficam puídas e logo queremos jogá-las fora. Para claro, não adquirirmos a prática de caminhar com as mesmas pelos cômodos da casa.
Verei o saldo no banco e quem sabe não posto um cartão de Praga?
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para não falar sobre outras coisas
quarta-feira, julho 19, 2006

Para esse clima Bagdad Café, semi-árido, sem ameaça de chuva, dias ensolarados, cheiro de almoço e passarinhos atrevidos, escolho Yves Montand. Novamente!
Num estado constante de velhice, dona de uma nostalgia que nada tem com a minha idade, recobrando a memória dos outros sigo assim, persistindo em encontrar um sentido um pouco maior para as minhas coisas. Coisas mesmo. Não faço nem questão de nomeá-las. Eu podia falar dos meus nobres sentimentos “pregadores de roupa”, do meu humor “água sanitária”, da minha preferência por ficar banquinhos e da minha vontade de rir quando chinelos.
Belo Horizonte, capital do escárnio, recebe vacas. Recebe vacas para que amigos adolescentes, senhoras idosas de Varginha e casais “cosmopolitas” em férias tirem suas fotografias enojantes. Não vi ninguém fazendo uma fotografia original das vacas. Elas nem são originais. São vacas, recriadas por pseudoleitores de arte conceitual. Fazem trocadilhos nojentos e reduzem as vacas a um nome. Como quem aprende a ler. Junta vogal e consoante e tenta extrair a imagem.
Uma das senhoras pede cordialmente que alguém segure a sua câmera digital comprada pela amiga que foi visitar o filho nos Estados Unidos em 2002. Como as mesmas têm na expressão aquele terno e reconfortante semblante de vovó (vovó de plano de saúde Bradesco), não encontram dificuldade em pedir para que alguém as fotografe. Então, um pobre coitado de um transeunte na sua pressa lotérica, interrompe o caminhar e se adona da máquina das irmãs Varginha. A gloriosa fotografia “fin-de- siécle”.
O pobre homem, enaltecido por ter feito algo ativo em relação às célebres vacas, não imagina o quão oportunistas são aquelas velhinhas. Não imagina que na próxima vaca as doidivanas em férias nem se lembrarão da sua boa vontade. É uma promiscuidade “cowniana”. Trocam as vacas com o badalar do tédio e os Cartier Bressan de araque da cidade que se cuidem.
Bom, o casal cosmopolita. O casal cosmopolita já fez uma viagem para Nova Iorque. Já assistiu aos musicais da Broadway e guarda um souvenir de Les Miserables na prateleira da estante recheada de souvenirs das outras tantas viagens que ensaiaram.
Esse casal, não faz sexo durante os meses de trabalho. São desconhecidos na mesma casa. Compartilham a vida nas contas, na geladeira auto descongelante e numa garrafa de vinho chileno nas noites de sexta feira.
Bem, quando entram em férias e ficam em Belo Horizonte querem ser cidadãos de Manhattan. Transam no meio da manhã, depois do café da manhã e lêem jornais com os pés na mesa escutando algo lounge que combine com suas cadeiras laranja mecânica. Ele veste algo casual ao extremo para não ser confundido com um profissional na rua. Ela coloca umas saias soltas para se sentir em férias. Para inventar desculpas em vitrines, para comer fatias de tortas e prioritariamente para tirar fotografias “inusitadas” ao lado da vaca.
Dessa vez não contam com fotógrafos bípedes. Dessa vez são os fotógrafos da vez. Fazem questão de um sorriso ao lado da vaca. Qualquer vaca. Até se encontraram com as senhorinhas de Varginha. Disseram a elas que não tinham tempo para filhos e que sim!!!!! Tirariam com muito gosto uma foto da vaca com as moçoilas. Veja bem, a fotografia vai parar na porta da geladeira depois das férias. Daí, durante o ano atarefado eles lembram da vida vaca que levam, do casamento vaca, dos filhos vacas que não podem ter, mas querem ter e do sexo vaca que fizeram durante as férias vacas em Belo Horizonte avacalhada.
Passadas as férias, as irmãs de Varginha pegam um ônibus de volta. Os adolescentes que não entraram no triângulo das tetas mágicas olham para as vacas com nostalgia e comentam a nova vida escolar em seus circulares ônibus. O casal continua levando a vida vaca.
Eu continuo odiando as vacas, e guess what? Meu coração sangra um líquido de chicletes de morango porque Yves Montand (que nada tem comigo, com meus ex-amores, com a minha ex-vida, com meus livros, com a minha casa, com o meu quarto com a minha família, com meus amigos, com meu curso, com minhas roupas, com pastéis indianos, com fatias de pizza, com cigarros, com minha vontade de ter gatos, com a minha mania de torrar dinheiro, com a pilha de vinis que quero vender, com meu irmão bebê, com a programação da televisão e, sobretudo com peixinhos dourados) canta Nuit de Camargue.
Vagamente entendo o que ele quer dizer. Penso em colinas, Jean Paul Belmondo, Brigitte, Deneuve e na falta que seus olhos fazem quando atravesso algumas passagens.
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E como fica nosso amor feinho?
sábado, julho 08, 2006
Minha convivência com as mulheres da minha vida tem se tornado algo constrangedor. Não consigo trocar uma palavra com a minha “mater amabilis” que não envolva sarcasmo e uma mágoa imatura do mundo. Não trocamos espaços, não desabotoamos nossas figuras em nome de sentimentos mais nobres. Somos assim, inimigas nesse enorme e solitário castelo da existência.
Nunca mais fomos juntas ao mercado. Antigamente era questão de cumplicidade ir ao mercado juntas e repetir os velhos hábitos do queijo, das frutas e hipoteticamente algum novo doce ou salgado.
Agora, ir ao mercado é levantar-se do monte de saco de estopa e declarar guerra. Metralhar hostilidade, rir do tempo alheio, tiranizar o café da manhã para que as coisas corram rapidamente. Transformou o gesto em prática. Quando não mais entende que ir ao mercado não implica somente em comprar lingüiça e queijo, rompe comigo um pacto afetivo. Acelera a distância que estamos criando entre nós. Só penso em me separar dessa vida novamente. Trocar a roupa e sentir-me menos sufocada. Pesar a distância e transformar a saudade em embalagem de domingo.
Senti saudade daquele que um dia foi meu marido. Senti saudade das manhãs de sábado. Compartilhávamos a feira de antiguidade do Brik da redenção para construir o futuro. Inúmeras foram as bandejinhas de pastel integral. Namorávamos nos bancos verdes de inverno. Disputávamos as folhas secas no chão e trocávamos gentileza de pouco valor.
Certa vez fiquei bastante comovida. Numa das barracas havia uma coleção de réplicas de sapatinhos italianos. Fiquei ensandecida pelos tais sapatos. Precisava dos sapatos. Não tinha um centavo para criar tamanha necessidade. Ele ficou ponderando silenciosamente o desejo que saltitava as minhas retinas. Sem amarguras perguntou o preço para certificar-se da minha futilidade. Olhou para mim com olhos de irmão mais velho. Pediu para embrulhá-los em várias camadas de papel para que não quebrassem no trajeto para casa.
Descobri depois que não era sobre sapatos. Era a nossa história que ia se construindo lentamente com as coisas que colocávamos nas prateleiras.
Certa vez, num fim de tarde chegou em casa com um vinil de um tributo ao Cole Porter. Senti-me muito amada, porque naquela tarde de um dia qualquer da semana atribulada ele lembrou que eu gostava de Everytime We Say Goodbye. Comemoramos no cais do porto. Lembro-me bem de uns trapezistas ensaiando uma adaptação para Prometeu. Nosso céu era aquela gente que fazia um balé estranho no ar.
Ali naquele apartamento fomos felizes. Ali brigamos poucas vezes. Engordamos a ansiedade do casamento. Vimos os filmes das nossas vidas. Planejamos as crianças que não mais existirão. Recebemos os amigos, repousamos no sofá das tardes quentes de verão e contemplamos nossas diferenças como quem faz cócegas.
Um dia resolvi acabar. A liberdade dos amigos provocava meus impulsos. Nos separamos como qualquer casal. Choramos juntos, separamos os objetos, dividimos a estante e discutimos como aqueles que não sabem a real necessidade das coisas.
Lembro-me que ele saiu numa tarde dessas e comprou o álbum com reproduções do Toulouse Lautrec. Eu não entendi que as nossas paredes podiam ser restauradas.
Abri o presente na outra casa. Agora era um quarto. Um quarto e eu só encontrava os amigos na cozinha e na copa. Mudei-me para sentir o espaço vazio. Mudei-me para olhar gravuras em novas paredes.
Descobri que a nossa intimidade de cinco anos perdeu-se e virou uma historinha com detalhes confusos. Quase não dormi ontem, não sei mais o seu telefone e o nosso cinco de maio voltou a ser um dia qualquer para sentirmos vergonha de receber mais um ano de vida.

I'll Be Your Mirror
(Velvet Underground)
I'll be your mirror
Reflect what you are, in case you don't know
I'll be the wind, the rain and the sunset
The light on your door to show that you're home

When you think the night has seen your mind
That inside you're twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
'Cause I see you

I find it hard to believe you don't know
The beauty you are
But if you don't let me be your eyes
A hand in your darkness, so you won't be afraid

When you think the night has seen your mind
That inside you're twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
'Cause I see you

I'll be your mirror
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I´m glad when the sex isn´t even so great ou... já vivi dias menos parecidos ...
terça-feira, julho 04, 2006
Ouvindo Glass , Concrete and Stone do Byrne. É como se o andamento da música fizesse um flash back da minha vida em branco e preto e revelasse que eu perco o absoluto tempo das coisas, das gargalhadas, dos amigos, dos amores, dos bolinhos de laranja, dos cafezinhos e dos galhos se movimentando. E daí ele diz: Looking at happiness, keeping my flavor fresh... E eu penso em um gesto nada subversivo dentro da minha liberdade sitiada. Roubar ou não roubar a garrafa de Gato Negro lá no armário da sala? Ficar tonta de tanto Gato Negro, olhar pela janela, escutar mais música e contemplar essa merda circular que é a minha vida.
Eu fico assim fingindo mentalmente que minha vida é contornável e que tudo que passo é momentâneo. Entretanto, os carros e as luzes lá fora se movimentam em velocidade extraordinária, ouço grito de crianças saindo da escola, sinto o cheiro da sopa do vizinho, vejo um eterno acender e apagar de luzes na casa lá do topo da montanha e penso que alguém de alguma forma está vivendo. As pessoas parecem tão ocupadas. As pessoas parecem ter tanta vida e tanta vida para viver!?!?!
Não sou do tipo que compra sementes e material de jardinagem para refazer a vida. Eu jamais plantarei num vaso pimenta ou qualquer manjericão da face da terra. Eu jamais ensaiarei uma roupa nova para me sentir preenchida. Nunca mais vou comprar cachorro para retribuir afeto e nem vou ficar mandando cartões postais com mensagens amorosas de saudades.
Por isso, para matar um pouco do que não há em mim deixo uma lista das coisas que não quero fazer navmente ou que nunca fiz:

Sorrir no ponto de ônibus como se o desconhecido fosse a salvação

Ser educada a ponto de desviar o carrinho da senhora no supermercado

Pedir desculpas quando piso no calcanhar de alguém que anda a minha frente

Lembrar de algum membro da minha família quando achar algo de bom preço

Comprar garrafa de bebida para tomar porre sozinha

Cortar cabelo com o Coiffeur da puta que pariu que cobra os olhos da cara (minha cara, dele, da mãe dele que não sabe que ele é gay, da minha tia de segundo grau e do meu primo que vive em Viçosa).

Planejar voltar para Porto Alegre para fazer mestrado na UFRGS (hmmm, que bosta hein?).

Perguntar a raça de um cachorro na rua usando o discurso como um pretexto para ficar alisando os pêlos do bicho

Papear com a dona Nazira da banca árabe do Mercado Central

Olhar para a cidade e querer voar

Almoçar com a família e fazer piadas para me sentir amada

Andar sem propósito na rua fingindo estar com pressa (eu sempre acho que essas pessoas que fazem jogging na rua não passam de umas fingidas e estão fazendo o que eu faço)

Almoçar no Mandala quase todos os dias da semana (depois chorar lágrimas de crocodilo pelo preço daqueles partos politicamente corretos).

Tirar extrato freneticamente no caixa da caixa como se fosse organizar a minha vida

Desejar beber Heineken ficar olhando para as pessoas na rua (a Heineken tem um poder interessante. Desfaz uns nós de toxina que tenho nos ombros, basta um gole, pode crer).

Fumar baseado no bosque da faculdade (se alguém me pegar fazendo isso pode me arrastar pela orelha até a reitoria que eu canto Quizás Quizás para o reitor e lambo o lóbulo esquerdo da orelha dele)

Brigar com a minha irmã porque ela compra sapatos como se fosse renovar a vida

Ligar pro meu terapeuta que me deu um pé na bunda dizendo que eu podia caminhar sozinha
(filho da puta, como preciso de ti).

Pensar naquele sem aquela vida e numa vida comigo

Pensar na cor dos cabelos do meu futuro filho
(na atual conjuntura, acho que nem um hamster vai usar peruca).Sim!!!!! Sou do tipo maternal e ensaio o tamanho da minha barriga quando tenho desejo de ser grávida.

Pensar na alegria de buscá-lo na futura escola
e...
pensar...
pensar...
pensar...

Escutarei Why do Byrne também. I don´t have any philosophy...
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another season, without reason...
sábado, julho 01, 2006
A saudade é realmente o revés de um parto e arrumar o quarto do filho que já morreu? Sei que Chico ficou hoje perambulando nos meus pensamentos. Dois Chicos distintos. O primeiro, inventou a palavra com nuances de mulher e o segundo apareceu há nove meses. Nove mágicos, rápidos e estonteantes meses. Olho para sua pele e dobras percebendo no gesto das mãos pequeninas que seguram meus dedos,um novo anúncio. No Chico há o novo pai. No Chico mora a nova mãe, moram novos afetos. Mora uma mulher que era estranha. Ela apareceu insegura. Queria declaradamente existir num mundo só com aquele, o meu pai. A maternidade a fez bonita. Segura, generosa e afetuosa. Hoje com uma flor lilás no casaco,deu-me um abraço terno na rua. Significou uma fita de seda sendo desfeita. Uma vida "nós quatro", que desfaz quatro nós quando a correria não é grande. Reservamos sempre os dias de sol para caminhar pelas ruas. Provamos os sabores exóticos dos doces, somos cúmplices nos vestidos de brechó e nos encontramos quando ela me entrega o filho pequeno nos braços, sabendo que tenho pouco tempo para a delícia daquela novidade.
Somos assim, não mais estranhos donos do desconcerto. Somos quatro quando há céu azul. Somos carrinhos de bebê, girafas coloridas, babados nos ombros, fruta amassada e vontade de falar muitas coisas, sobretudo a representação das elegâncias recentes que revelam a delicadeza em doses pequenas.Não sei mais fazer parágrafos.
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Polkadots